18h.... e 13.... 13 minutos!
O eléctrico cruza estranhamente veloz na porta de um café na baixa... A memória fugidia de uma tertúlia passada e contudo tão presente cruza-lhe o cérebro, no fundo cortando um pouco o enfado prolongado dos últimos 10 minutos. Aqueles minutos após o casal, ainda esbaforido de uma corrida, se ter sentado pelos lados da Graça no banco à sua frente e que, desde esse momento, se limitavam a trocar um olhar magnético... Apaixonados certamente... Sem paciência para estas lamechices.
Solitário, sempre fui. Roupas negras, olhar fugidio, faço agora as curvas da memória que me levam ao largo Camões. Último semáforo, deixo os pombinhos... Parvos!... Momento de remorso, pobres seres toldados pelas asas da paixão... certamente conhecem-se à pouco tempo.
Olho para a estátua no centro da praça... Por momentos vejo uma instalação insuflável ali no meio... gritos entusiasmados, o erguer de uma ginja no quiosque, ou apenas um ser estranho e risos à volta... Flashes de memória, idiotices cruzadas.
Percorro sem sentido algum agora a calma rua. Estranhamente tão diurna... As memórias que tenho dizem-me ser sempre noite aqui. Lisboa sempre foi noite neste canto, como se o sol nunca tivesse banhado estas vielas. Mas ás vezes é anoitecer... E agora ainda há luz.
Lembro-me de uma melodia... Qualquer coisa com "carcaças de carros"... Sorrio estupidamente... Ao ver uma carcaça dependurada... De metal amarelo, ou não será metal.... Ou será Heavy Metal....
Não sei... Estaco... 18 e 30... toca uma campainha... O estranho eléctrico que é elevador, ou é elevador que é eléctrico arranca... E uma faísca salta luminosa!!
Por demais luminosa... trás relâmpagos, traz trovões, traz um apagão, traz uma estátua, traz um coreto, traz de novo aquelas vozes na noite escura que são eu, mas não sou eu, trazem de novo o mistério e atiram-me inconsciente para o chão... 18 e 30 e não sei se são 30... se são 11 anos, se são o 13 de memórias se são o 5 ou o 6...
A viagem não acabou... Começou aqui em Lisboa!
2 comentários:
Este texto pode ser se o final da prosa 2 antecipado, e ao mesmo tempo pode dar continuidade à prosa 1. Ambos se cruzam com genealidade, fica porém complicado, como disse no comentário ao outro texto, uma continuidade.
Quero ainda participar mais para frente, apesar de me apetecer debruçar por uma continuação. Venham mais!
uau! Genial! acho que ainda estou a tremer um pouco! Muita vida no texto... muitas memórias! Mas acima de tuo muito fluido e muito bom de ler! :)
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