segunda-feira, dezembro 29, 2003

História e poesia

Palavras voam nas histórias,
Frases sopram no céu.
Não será fogo ardente sem véu
Que apagará as suas memórias.

Quem conta histórias antigas?
Quem fala do mundo seu,
Nunca viu, porque as escreveu?
Ou são apenas algumas cantigas?

Fado antigo, não o meu!
Mãos de poeta quem não leu?
Histórias do mundo seu,
Que a alma nunca perdeu!

terça-feira, dezembro 23, 2003

Imagem

Este tópico vem mostrar ao participantes do Blog como se pode editar imagens no mesmo. Para tal tÊm que guardar a imagem numa homepage(http://homepages.sapo.pt e entram o url:blogpena.no.sapo.pt e com a password: leonardo). De seguida na vossa secção escrevem o que tiverem a escrever e de seguida no sítio onde querem deixar a imagem escrevem como está indicado no link "postar". No width metam antes 40%
exemplo:

terça-feira, dezembro 16, 2003

Cabroac 3 (O fim de um mundo, uma etapa desconhecida)

...Olho fixamente para os seus olhos. Um misto de medo e incompreensão começam a tomar conta de mim. A atmosfera adensa-se ao fundo ouve-se o ribombar de um trovão, o céu enche-se de um ambiente de tensão.
As palavras custam a sair... Mas sinto que chegou altura de saber um pouco mais...
-Eu conheço-te... não sei de onde mas conheço-te.
Ele não parece ficar perturbado com as minhas palavras, e não diz nada... Riposto:
-Tenho a sensação de já te ter visto nos meus piores pressentimentos, nos meus sonhos mais negros... quem és tu, diz-me!?
Ele esboça um ligeiro sorriso:
-De facto conheces-me, mas se calhar não sabes quem sou. Faço parte do teu mundo de pesadelo, e sou mais do que tu podes ver aqui e agora!
- QUEM ÉS TU? DIZ-ME!
O ser começa a rir alto, e de forma estranha, como se muitos seres estivessem encerrados dentro dele, ao falar parece assumir vários tons de voz, começo a ficar com medo e deveras confundido:
- Eu sou apenas a representação de todo o mal que viste até hoje; eu não sou um, sou muitos. É simples: Desde que nasceste que eu existo, tu vês este mundo, sonhas com outro diferente, mas no fundo EU sou a verdade que tu vês, todo o mal. Eu sou a barreira mais negra dos teus sonhos, eu estou presente quando tentas vencer, e sou os vários rostos que vês quando és derrotado. Eu atormento a tua vida, destruo-a mercê da tua fraqueza, e não só. Eu rodeio todos aqueles que conheceste trazendo-lhes o caos, fazendo que também eles não entendam. Os cabroacs que conhecestes, são todos servos do Mal, mas também eles não têm culpa, assim como a representação que vês na tua frente não tem culpa: só nos alimentamos, das fraquezas de vós, pobres seres intergalácticos, dos vossos medos, das vossas pobres mentes. Á muito que alimentais o mal, esquecendo o amor, esse sentimento mesquinho que acreditaram ser a ponte para a felicidade, mas que não quiseram seguir como fonte para as vossas vidas, porque a oferta do reino do mal vos parecia mais tentadora, porque não vos livrastes das amarras que vos prendiam, lançadas por nós nos vossos planetas, nas vossas representações, nos vossos sonhos. E agora chegou o momento para ti de veres a REALIDADE! conseguirás resistir? AHAHAH!
O seu riso começa a fazer eco na minha cabeça como se tudo fosse um sonho... um sonho mau. Será que devo acreditar, se sim a realidade é mesmo um sonho e neste caso parece um pesadelo. Encho-me de coragem e grito:
-Eu vou vencer!!!
Ele responde sarcástico:
-É o que veremos, tantos que tentaram e poucos se conseguiram libertar e mesmos esses aguardam o mesmo destino trágico, aqueles que nós controlamos!! Observa!!!
De repente uma força imensa começa a formar-se. E absorto observo: Os dois guardas que se encontram perto do Cabroac que falava, são misteriosamente atraídos fundindo-se com o ser. Olho á volta: Todos os seres do planeta são atraídos também de forma impressionante, mas com uma particularidade arrepiante. Parecem sorrir de satisfação, iludidos, seduzidos pela doce loucura do mal. O ser com quem havia falado já não se via, tal o clarão de fogo gerado por tanta energia. Corro desperado numa última tentativa. Os olhos marejados de lágrimas, uma angústia imensa:
- RESISTI, NÃO VOS DEIXAIS IR, NÃÃÃÃÃÃOOOOOOOO!
E sou imediatamente projectado pela força monumental, oposta á força que não tenho para sair do pesadelo. Caio desamparado, enquanto o mundo desaparece por fim numa intensa bola de fogo...

Tit, tit, tit... o som de uma máquina, a agitação de um hospital, um sufoco, uma lágrima que parece se formar, não sei onde estou, não sei quem salvar... não sei me salvar.

domingo, dezembro 07, 2003

Cabroac 2 (a nova civilização)

Caminho em direcção á pequena civilização... Prédios em crescimento, a uma velocidade surpreendente. Diria que isto não é obra dos Cabroacs... eles sempre se preocuparam mais em destruir, nunca tiveram grande jeito para civilizar. Se bem que os seus truques e manhas são por demais conhecidos neste espaço intergaláctico.
Avisto os primeiros seres deste planeta desconhecido, ao qual misteriosamente vim parar. Não são Cabroacs, não têm o símbolo deles marcado na testa. Vou ao encontro de um deles, tento saudá-los mas eles parecem não me ligar, com os olhos esbugalhados, absortos...
Trabalham a um ritmo impressionante com movimentos rápidos e decididos. Tento-me desmultiplicar numa diversidade impressionante de línguas, procurando captar-lhes a atenção; gesticulo, danço, rodopio, grito desesperado, ninguém me ouve... será que vim parar a um planeta de surdos? Reparo agora noutro pormenor... Estes seres são todos iguais, apresentam o mesmo rosto, o mesmo ar sombrio... não sei se doce, se maquiavélico...
De repente os trabalhadores param. Voltam-se todos para o mesmo lado, fazendo um gesto de continência, que só havia visto em Cabroac.
Ao fundo um ser aproxima-se. Enverga uma espécie de manto real... ao lado dois guardas prestam escolta; sobressaltado recuo dois passos... os três apresentam o C na testa: são Cabroacs!
Estacam os três diante de mim, olhando-me... o Cabroac com o manto parece ter um ar totalmente inofensivo, absorto, incompreensível... o meu espírito fica cem por cento alerta, sinto-me novamente na boca do lobo...
O olhar do líder torna-se mais penetrante, quase tirando-me as forças... e numa voz quase imperceptível, sussurra-me:
Oi...

Electrões

E por aqui ficamos, seres pensantes sentados ou em pé lendo, reflectindo, analisando. A pouco e pouco vamo-nos acomodando, devagar e sem sentido directo, bramando de vez em quando só para dizermos que estamos aqui, vivos, lutadores, fortes, duros de roer...fracos, sem espírito e sempre apáticos. São apenas nessas vezes que nos movemos da nossa orbita de Bohr à volta de um núcleo que é a nossa vida e avançamos para outro núcleo sem nunca podermos estar sozinhos, é impossível isolar-nos de um núcleo, não existimos sem ele, é a “nossa” vida (e aqui foco a palavra nossa), é a familiaridade que nos dá segurança e impede o nosso salto para a escuridão para onde nos atiraríamos num acto de coragem tão louco como fútil. Mas existe quem dê esse salto à procura de um núcleo que não se desintegre, à procura duma prova de coragem só para dizer que está vivo e nós acreditamos, sabendo que se o salto for bem sucedido nunca mais voltaremos a ver aquele pobre electrão.
Talvez seja pessimismo que me invade a mente à medida que vou escrevendo estas palavras, talvez sejam efeitos de uma fusão nuclear que me invade a vida e a mente afectando e quase me levando a degenerar na minha órbita, talvez sejam sonhos que me invadem a mente, talvez... Tantas possibilidades e eu estou aqui preso mas livre ao mesmo tempo, tentado gritar, tentando exprimir-me para dizer “Estou vivo”, mas ninguém ouve excepto meu núcleo.

Porque me tratas assim?

Porque é que me tratas assim?
Porque pareces tão cruel?
Porque me dás desta forma o fel,
Em vez de me libertares da prisão de mim?

Onde foi todo o teu atrevimento?
Onde foste buscar tu esse medo?
Porque trocas todos os dias o enredo?
Porque me enganas neste sentimento?

E se por instantes me tentas orientar,
Deixo este fraco corpo mortal,
E voo para ti de forma tal
Que quase te consigo alcançar...

Mas fico só a pairar...
Estou proibido de te tocar...

O rio vai pela rua a correr;
Sem destino, sem vontade...
Também eu me deixo levar
Sem saber se devo procurar,
Sem saber o que posso ser.
Sozinho... nesta cidade...

quinta-feira, dezembro 04, 2003

Tudo

Estou aqui sozinha, desolada. Devolvo-te as palavras e o tempo. Devolvo-te o gesto que não traçaste, a palavra que não susurraste. Devolvo-te o fantasma do teu amor, o bocadinho de ser que por engano partilhaste comigo. Leva tudo, não deixes nada. Eu continuo sozinha, sem que ilusão nenhuma me acompanhe, mas o amor não se faz de empréstimos, e eu não quero o que não me pertence. Leva tudo, não deixes nada.