sexta-feira, junho 26, 2009

O Caminho para Casa

O rebuliço que vai na minha cabeça
Contrasta com a calma em redor
Sentado, jornal dobrado na mesa
Copo de cerveja, apático, na mão
Os olhos a sondar o ambiente
E a mente, fora do corpo a vaguear.

Há um espaço oco cá dentro.
Havia antes de deixar o meu corpo
E tão cedo não se enche.
Por vezes, o ar fresco da tarde,
Traz um sorriso
Mas o dia-a-dia apressado
Traz as rugas
E leva-me para longe do Paraíso.

Não digo que seja infeliz,
Não digo que seja feliz,
Podia dizer que nada digo
Mas quando passo os dias
Há muito que me digo e não digo.

Não sou desprovido de conteúdo
Mas sinto-me vazio
Falta-me realização, sentir que escolho
O caminho que tomo para casa.

Segue em frente, vira à direita,
Segunda à esquerda, logo à frente.
Segue em frente, vira à direita,
Segunda à esquerda, logo à frente.
Segue em frente, vira à direita,
Segunda à esquerda, logo à frente.

E no dia em que entro pela porta das traseiras,
Por andei, estavam preocupados
Sem espaço para respirar, para me atrasar,
Para mudar, para ser, para alterar,
Para começar a andar e me perder!

domingo, junho 21, 2009

Senti-te à espera

Senti-te rasgares-me a alma,
Quando de mim só pedias espaço.
Senti-te a fugires,
Como se fosse um vil criminoso.
Senti-te a fugir de ti,
Porque as forças para me enfrentares te fugiam.

Esperei longamente o põr-do-sol,
Para nas sombras me esconder
E por entre gemidos
Poder chorar a dor.

Esperei que o sol não se risse mais;
Pelo suave manto da noite,
Como veludo negro e suave onde
Me preparo para o pior que há-de vir.

quarta-feira, junho 10, 2009

Não me ralo

Vimo-nos por baixo das luzes artificiais de néon
Encontrámo-nos no meio dos fumos do salão
Mas nunca nos conhecemos verdadeiramente...

Não me ralo se vais...
Não me ralo se ficas...
A única coisa que sei
é que fico aqui deitado
neste quarto escuro
à espera de algo que nunca hei-de sentir.

Eu devia ter adivinhado
que me sentia demasiado perdido quando estava contigo
mas estava a procurar sossego no conforto dos teus braços.

Eu devia ter descoberto
que estava demasiado envolvido em ti
mas agora estou a afogar-me sem saída à vista.

Não me ralo se ficas...
Não me ralo se vais...
A única coisa que sei
é que fico aqui a olhar
para esta parede vazia
à espera que me mostres o caminho para a porta.

Sou um homem cego na escuridão
sem saber qual a diferença entre estar contigo ou sozinho
mas aquilo que sei
é que não me ralo
porque o contrário de amor não é ódio
É...
indiferença.

segunda-feira, junho 08, 2009

Ama-me esta noite,
Como se da última se tratasse…
Beija-me os lábios,
Como num beijo de despedida…
Toca-me ternamente o corpo,
Como num êxtase final de paixão…
Despenteia-me o cabelo curto,
Como num adeus carinhoso…
Sorri o sorriso pelo qual me apaixonei,
Na primeira, segunda, última vez que te olhei…

Ama-me esta noite e sê minha,
Pois eu,
Sou teu.

segunda-feira, junho 01, 2009

Suicida-me

Traição
e todas as vozes me fazem triste
e todos os pensamentos me fazem mal
Traição
meu corpo gela no calor do dia
deixando minha alma em brasa no escuro da noite

Nunca terei uma vida diferente
Nunca terei um caminho diferente
Mas sei que continuarei a viver
Quero fugir do carreiro
Quero fugir da prisão
Suicida-me

Mas continuarei aqui
enquanto tu aqui estiveres
Sou aquele que vês
embora não seja quem queiras
Traição...

Meu caminho está nesta linha
Minha vida está protegida na tua mão
Deixa-me fugir
Suicida-me