A noite caiu calma, quando os lábios se tocaram de novo, apenas tinha restado o prazer, e alguns corpos molhados. A sombra nua que se movia, desaguava suas curvas no descanso.
Já não havia nuvens e a estrela do poente que caminhava para horizonte tocou-lhe e fez dele seu amante…
A Lua, a nascente, erguia-se numa nova noite. Seus olhos deixaram de brilhar, já não havia força eterna que os fizesse despertar. Olhos de que cor?! De que expressão?! Uma recordação!? Por uns momentos pensou-se ser imaginação. Eram os Olhos do Mundo, Olhos do Coração… Não havia nada mais mágico que a domadora desejos… A tocar-nos com suas mãos… a soprar-nos seu calor… A inundar-nos de paixão…
Noite cheia de lembranças e sonhos, de futuro e fantasia, que nem a mais inabalável alma escapava a tamanha sabedoria. Uns perdidos da razão falavam sozinhos no sombrear dos desejos, todos queriam ser servos desse alguém, mas nem eles sabiam de quem.
domingo, maio 30, 2004
segunda-feira, maio 24, 2004
Pensamentos avançados...formas de expressão primitivas
11/05/2004 (à noite)
Não é novidade para ninguém que o ser humano é deveras um ser com uma mente muito complexa. Somos um ser que foi feito para pensar, senão experimentem ficar uns momentos sem pensar em nada...tarefa complicada não? Todos os gestos, todos os olhares, todos os tons de voz daqueles que nos rodeiam passam pelo crivo do nosso pensamento. O controle é tão rigoroso que o mais distraído poderá estranhar porque é que determinado indivíduo deixou de lhe falar sem qualquer motivo aparente.
Mas isto não é tudo...o nosso pensamento é tão complexo que é impossível expressar por palavras, muito menos por silogismos organizados, aquilo que nos vai cá dentro...aqueles que se aproximam mais são os poetas, que acabam por dizer aquilo que toda a gente pensa mas que não tem coragem nem capacidade para expressá-lo num raciocínio coerente e aceitável com valores vigentes relativamente a um tempo e a uma sociedade. Sim, valores!!! Ou pensam que aquilo que vocês pensam está desprovido de sentimentos, desejos, interesses ou convicções!!!
Os nossos pensamentos têm uma forte componente sentimental. Vejo o sentimento reflectir-se no pensamento de duas formas distintas. Como sentimento contido no pensamento que é irracional relativamente ao cânon da sociedade, mas que inconscientemente o tem em conta, tal qual fosse um reflexo espontâneo. Temos, por outro lado, o sentimento como força motriz do pensamento que passo a explicar agora. Andamos num estranho equilíbrio entre o ponderar muito bem as consequências das nossas acções sentimento-motivadas e o não ponderar de todo as mesmas. Por um lado a primeira hipótese oferece controlo e segurança mas torna a acção pouco espontânea e inibida. Por outro lado, a segunda permite atingir picos de genialidade, mas também permite atingir picos de estupidez. Os sentimentos são um catalizador com um potencial imenso potenciando a formação de novas conecções nervosas nunca dantes experimentadas. Assim temos mais e novos pensamentos prontos a saltar cá para fora e sujeitar-se ao teste do comportamento padrão. Assim, tendo em conta o que foi dito atrás, o sentimento está na génese e essência do pensamento.
24/05/2004 (à tarde)
Às vezes até penso que, em sociedade, vivemos numa espécie de equilíbrio instável. Equilíbrios contidos uns nos outros. Qual o mais abrangente e qual o mais restrito? Quantos equilíbrios? Será que é honesto falar em contagem? Será que estão estritamente contidos uns nos outros, ou assumem uma relação inimaginávelmente mais complexa? Às duas ultimais questões talvez saiba responder duma forma intuitiva, também são as mais genéricas; dão muita margem de manobra para não errar e para não cair na tentação de ser demasiadamente determinista. Mas às vezes penso...há certas alturas em que penso ser essencial ser determinista, temos exemplos na Física (teoria relativista de Einstein, que agora parece estar demonstrado ter algumas inconsistências (1) ), Filosofia (o conceito de tábua rasa de John Lock (2) que, apesar de incorrecta, permitiu retirar excessivo peso à inteligência herdada), Religião (o conceito de ecumenismo de Mahatma Gandhi unindo edifícios religiosos aparentemente incompatíveis (3)), Psicologia (Freud (2) e a tipologia da mente em três partes - id, ego e super-ego)
...
Acredito, meus senhores, que todas estas descobertas/teorizações são fragmentos de verdade, construídas com base em crenças, desejos ou até mesmo preferências...em suma...emoções. Para mim começa a tornar-se claro o quão importantes são estas emoções, que se equilibram(A) incessantemente com o super-ego ou com algo mais complexo, que poderia estar relacionado com equilíbrio (B) entre as nossas subtis especificidades, mas que ainda não atingimos. Consigo ver o equilíbrio(B) dentro do equilíbrio(A) e vice-versa, mas qual o peso que assume cada contribuição? Pergunto outra vez, será assim tão simples? Não creio. Acredito, de uma forma genérica, que as emoções são o vector que nos faz não ficar parado com medo de errar, talvez não sejam as únicas responsáveis meus amigos, mas paciência, a verdade vai-se saboreando à medida que, lentamente, nos vai sendo dada a conhecer...por deterministas é certo...mas não deixa de ser verdade.
22/05/2004 (à tarde)
Dada a impossibilidade de expressar os nossos pensamentos integralmente de uma forma coerente e aceitável, usamos nos nossos diálogos do dia-a-dia fórmulas optimizadas que se repetem incessantemente nas mais banais situações do dia a dia. Desta maneira, acabamos por usar todos a mesma linguagem, linguagem que anda a um nível mais baixo que o nosso pensamento... é o preço que pagamos para nos podermos entender. Àqueles que estão conscientes deste facto um pedido: tenham mais consideração pelo que os outros dizem, por ventura não será profundo relativamente ao que vocês pensam mas também estamos só a comparar batatas com cenouras.
1) João Magueijo; Mais rápido que a luz “A biografia de uma especulação científica”; gradiva; 2003
2) Sprinthall, Norman A.; Sprinthall, Richard C. ; Psicologia Educacional; McGraw Hill; 1993
3) Richard Attenborough; Gandhi (filme); 1982
Não é novidade para ninguém que o ser humano é deveras um ser com uma mente muito complexa. Somos um ser que foi feito para pensar, senão experimentem ficar uns momentos sem pensar em nada...tarefa complicada não? Todos os gestos, todos os olhares, todos os tons de voz daqueles que nos rodeiam passam pelo crivo do nosso pensamento. O controle é tão rigoroso que o mais distraído poderá estranhar porque é que determinado indivíduo deixou de lhe falar sem qualquer motivo aparente.
Mas isto não é tudo...o nosso pensamento é tão complexo que é impossível expressar por palavras, muito menos por silogismos organizados, aquilo que nos vai cá dentro...aqueles que se aproximam mais são os poetas, que acabam por dizer aquilo que toda a gente pensa mas que não tem coragem nem capacidade para expressá-lo num raciocínio coerente e aceitável com valores vigentes relativamente a um tempo e a uma sociedade. Sim, valores!!! Ou pensam que aquilo que vocês pensam está desprovido de sentimentos, desejos, interesses ou convicções!!!
Os nossos pensamentos têm uma forte componente sentimental. Vejo o sentimento reflectir-se no pensamento de duas formas distintas. Como sentimento contido no pensamento que é irracional relativamente ao cânon da sociedade, mas que inconscientemente o tem em conta, tal qual fosse um reflexo espontâneo. Temos, por outro lado, o sentimento como força motriz do pensamento que passo a explicar agora. Andamos num estranho equilíbrio entre o ponderar muito bem as consequências das nossas acções sentimento-motivadas e o não ponderar de todo as mesmas. Por um lado a primeira hipótese oferece controlo e segurança mas torna a acção pouco espontânea e inibida. Por outro lado, a segunda permite atingir picos de genialidade, mas também permite atingir picos de estupidez. Os sentimentos são um catalizador com um potencial imenso potenciando a formação de novas conecções nervosas nunca dantes experimentadas. Assim temos mais e novos pensamentos prontos a saltar cá para fora e sujeitar-se ao teste do comportamento padrão. Assim, tendo em conta o que foi dito atrás, o sentimento está na génese e essência do pensamento.
24/05/2004 (à tarde)
Às vezes até penso que, em sociedade, vivemos numa espécie de equilíbrio instável. Equilíbrios contidos uns nos outros. Qual o mais abrangente e qual o mais restrito? Quantos equilíbrios? Será que é honesto falar em contagem? Será que estão estritamente contidos uns nos outros, ou assumem uma relação inimaginávelmente mais complexa? Às duas ultimais questões talvez saiba responder duma forma intuitiva, também são as mais genéricas; dão muita margem de manobra para não errar e para não cair na tentação de ser demasiadamente determinista. Mas às vezes penso...há certas alturas em que penso ser essencial ser determinista, temos exemplos na Física (teoria relativista de Einstein, que agora parece estar demonstrado ter algumas inconsistências (1) ), Filosofia (o conceito de tábua rasa de John Lock (2) que, apesar de incorrecta, permitiu retirar excessivo peso à inteligência herdada), Religião (o conceito de ecumenismo de Mahatma Gandhi unindo edifícios religiosos aparentemente incompatíveis (3)), Psicologia (Freud (2) e a tipologia da mente em três partes - id, ego e super-ego)
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Acredito, meus senhores, que todas estas descobertas/teorizações são fragmentos de verdade, construídas com base em crenças, desejos ou até mesmo preferências...em suma...emoções. Para mim começa a tornar-se claro o quão importantes são estas emoções, que se equilibram(A) incessantemente com o super-ego ou com algo mais complexo, que poderia estar relacionado com equilíbrio (B) entre as nossas subtis especificidades, mas que ainda não atingimos. Consigo ver o equilíbrio(B) dentro do equilíbrio(A) e vice-versa, mas qual o peso que assume cada contribuição? Pergunto outra vez, será assim tão simples? Não creio. Acredito, de uma forma genérica, que as emoções são o vector que nos faz não ficar parado com medo de errar, talvez não sejam as únicas responsáveis meus amigos, mas paciência, a verdade vai-se saboreando à medida que, lentamente, nos vai sendo dada a conhecer...por deterministas é certo...mas não deixa de ser verdade.
22/05/2004 (à tarde)
Dada a impossibilidade de expressar os nossos pensamentos integralmente de uma forma coerente e aceitável, usamos nos nossos diálogos do dia-a-dia fórmulas optimizadas que se repetem incessantemente nas mais banais situações do dia a dia. Desta maneira, acabamos por usar todos a mesma linguagem, linguagem que anda a um nível mais baixo que o nosso pensamento... é o preço que pagamos para nos podermos entender. Àqueles que estão conscientes deste facto um pedido: tenham mais consideração pelo que os outros dizem, por ventura não será profundo relativamente ao que vocês pensam mas também estamos só a comparar batatas com cenouras.
1) João Magueijo; Mais rápido que a luz “A biografia de uma especulação científica”; gradiva; 2003
2) Sprinthall, Norman A.; Sprinthall, Richard C. ; Psicologia Educacional; McGraw Hill; 1993
3) Richard Attenborough; Gandhi (filme); 1982
sábado, maio 22, 2004
Hecatombe V - Atãomasatão e agora?
"Vais pagá-las, meu malandro, vais pagá-las bem caro, vou-te mataarr!!!"
Cherneboff lançou o seu corpo flácido numa carga frontal, disposto a obliterar o seu oponente com o maior dano possível!
Mas Enguia estava plácido, impassível perante uma visão que faria tremer o mais rijo dos Veterânus Kombatentes...
Mesmo no último instante esquivou-se com um salto fantástico, enquanto Cherneboff arrasava filas inteiras de bonitos assentos com estofo azul, uma maravilha quando estamos no cinema e nos começa a doer o rabo... Barão Enguia, agarrado ao tecto do Auditorium - a extrema oleosidade dos seus cabelos revelava-se uma mais-valia nas situações mais apertadas - não tardou na resposta: apontando os micro-lançadores que protuberavam de cada orelha, libertou uma barragem de TAKTIKOV's mortíferos sobre o inimigo distraído.
Os micro-misséis TAKTIKOV(tm), tal como o seu inventor, não são para ser subestimados; apesar do seu tamanho "mini", portam uma potência devastadora que, aliada ao seu sistema de busca de alvos - capaz de guiar, inofensivamente, um missíl por dentro de um ratinho, desde a boca até ao... pronto, vocês sabem -, tornam-no no artefacto bélico mais avançado do mundo (...do mundo lusitano, pelo menos. Não queriam mais nada?).
Foi assim que cada missíl encontrou e detonou precisamente no alvo escolhido: o esfíncter anal de Cherneboff!
Este inchou com um ruído de gases, até que rebentou numa bola de fogo laranja (tinha de ser...), espalhando bocados em volta e formando um quadro tão nojento que só de falar nisso me dá vómitos.
O nosso (anti)herói limpava o suor da testa às costas da mão, quando um murmúrio crescente lhe chamou a atenção.
Olhou em volta, e foi com mal disfarçado espanto que viu que os bocados de Cherneboff se juntavam, qual caricatura de Bubu, numa forma vagamente semi-humana. Só depois é que Enguia reparou na plateia de apoiantes, incitando e dando graxa de uma maneira que meteria dó se estas criaturas não fossem tão detestáveis como o próprio líder.
Barão Lampr... Enguia (uuups) jizou um plano. Eliminaria os sequazes do vilão duma vez só, mas não da mesma maneira: não podia correr o risco de estes lhe ressuscitarem à frente dos olhos, era um desperdício de munição!
Falando para o microfone - habilmente camuflado no palito que tinha nos dentes - acedeu ao sistema de armas:
- Alterar configuração. Password: "The Trooper".
(uma voz metálica) - Password aceite.
- Configuração de ogiva: TAKTIKOV Luxury.
Um clique imperceptível indicou-lhe que o sistema aceitara as alterações. Que diferença para o sistema anterior! O outro, volta e meia, lá aparecia a merda do ecrã azul a dizer blah, blah, fatal error... Este podia ter um pinguim como símbolo, mas era infinitamente mais fiável.
O Barão disparou uma salva dos novos foguetes direitinha aos vermes de Cherneboff. Estes encolheram-se na antecipação do impacto, mas tudo o que lhes sucedeu foi serem envolvidos por uma nuvem cor-de-rosa perfumada...
É que estas ogivas, ao contrário das anteriores, não eram explosivas. O que não queria dizer que fossem inofensivas. As ogivas Luxury, como o nome indica, mergulham o alvo num turbilhão de lascívia incontrolável, que só termina com a morte da vítima por exaustão. Isto só é possível graças ao cocktail químico à base de ostra e Casal Garcia - uma para excitar, o outro para desinibir. Sem dúvida uma invenção "after-hours" de Enguia no seu gabinete... o malandreco.
Foi assim que a trupe de Cherneboff, de início com relutância mas depois já com mais à-vontade, se começou entremirando e entreapreciando, para depois se acabar entremeando numa confusão de gritos e gemidos, pernas, braços e outros membros...
Barão Enguia, apesar da sua veteranice nestes assuntos, desviou o olhar ante espectáculo tão degradante.
Foi assim que não descortinou a massa viscosa do traiçoeiro Cherneboff a insinuar-se nas suas costas... Este atacou com fúria animalesca, envolvendo--o e deglutindo-o de uma só vez!
Os alunos sobreviventes olhavam, primeiro incrédulos, depois desesperados perante a cruel evidência dos factos: Barão Enguia já não existia.
E agora? Que seria da liberdade de pensamento, da alegria académica, da irreverência estudantil? O panorama era ainda mais negro do que se o Barão não tivesse aparecido...
Cherneboff, no meio de tudo isto, achava-se impante de satisfação, a glória da vitória fazia-o transbordar de felicidade... Peraí.
"Ahh, Felicidade... Todo mundo gosta!" As reminescências de um concerto de Hélder, Rei do Kuduro, ecoavam na sua mente. Como? Se nem os tons agudos da sua tripa flatulenta constituiam gosto musical para Cherneboff.
A resposta estava em Enguia. Ou melhor, não estava, uma vez que Enguia se encontrava agora dissociado e atomizado por todo o interior de Cherneboff, o seu ser tão puro de energia animal como no início da Noite Académica.
O potencial da descoberta foi demais para Cherneboff. O seu ego pérfido vacilou, tal como vacilou em seguida o seu fedorento envólucro.
No fim, Cherneboff soçobrou para jamais se voltar a erguer...
Os que sobreviveram à ruinosa hecatombe olharam uns para os outros, ainda incrédulos, mas agora da vitória alcançada tão perto do fim e da maneira mais improvável possível.
E a maior parte chorava ao pensar no sacrifício supremo de Barão Enguia, o Bem-Amado.
Foi, pois, com assombro que olharam para o fantasma de Enguia levitando no meio deles, envolto numa aura azul-brilhante, irradiando puro macho power.
-"Lembrem-se... De quem são..."
-"Usem a força..."
-"I am your father..."
(alunos, em coro) - NNÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOO!!!!
No meio desta palhaçada toda ninguém se lembrou de olhar para cima e ver que a massa encefálica (ver Parte IV, crianças...) sugada pela máquina de Cherneboff fervilhava efervescente de ideais rebeldes e sexualidade recalcada.
O que resultou numa enorme explosão de raios gama da qual ninguém sobrou pra contar a história.
Nem os anjinhos.
E acabou-se.
Cherneboff lançou o seu corpo flácido numa carga frontal, disposto a obliterar o seu oponente com o maior dano possível!
Mas Enguia estava plácido, impassível perante uma visão que faria tremer o mais rijo dos Veterânus Kombatentes...
Mesmo no último instante esquivou-se com um salto fantástico, enquanto Cherneboff arrasava filas inteiras de bonitos assentos com estofo azul, uma maravilha quando estamos no cinema e nos começa a doer o rabo... Barão Enguia, agarrado ao tecto do Auditorium - a extrema oleosidade dos seus cabelos revelava-se uma mais-valia nas situações mais apertadas - não tardou na resposta: apontando os micro-lançadores que protuberavam de cada orelha, libertou uma barragem de TAKTIKOV's mortíferos sobre o inimigo distraído.
Os micro-misséis TAKTIKOV(tm), tal como o seu inventor, não são para ser subestimados; apesar do seu tamanho "mini", portam uma potência devastadora que, aliada ao seu sistema de busca de alvos - capaz de guiar, inofensivamente, um missíl por dentro de um ratinho, desde a boca até ao... pronto, vocês sabem -, tornam-no no artefacto bélico mais avançado do mundo (...do mundo lusitano, pelo menos. Não queriam mais nada?).
Foi assim que cada missíl encontrou e detonou precisamente no alvo escolhido: o esfíncter anal de Cherneboff!
Este inchou com um ruído de gases, até que rebentou numa bola de fogo laranja (tinha de ser...), espalhando bocados em volta e formando um quadro tão nojento que só de falar nisso me dá vómitos.
O nosso (anti)herói limpava o suor da testa às costas da mão, quando um murmúrio crescente lhe chamou a atenção.
Olhou em volta, e foi com mal disfarçado espanto que viu que os bocados de Cherneboff se juntavam, qual caricatura de Bubu, numa forma vagamente semi-humana. Só depois é que Enguia reparou na plateia de apoiantes, incitando e dando graxa de uma maneira que meteria dó se estas criaturas não fossem tão detestáveis como o próprio líder.
Barão Lampr... Enguia (uuups) jizou um plano. Eliminaria os sequazes do vilão duma vez só, mas não da mesma maneira: não podia correr o risco de estes lhe ressuscitarem à frente dos olhos, era um desperdício de munição!
Falando para o microfone - habilmente camuflado no palito que tinha nos dentes - acedeu ao sistema de armas:
- Alterar configuração. Password: "The Trooper".
(uma voz metálica) - Password aceite.
- Configuração de ogiva: TAKTIKOV Luxury.
Um clique imperceptível indicou-lhe que o sistema aceitara as alterações. Que diferença para o sistema anterior! O outro, volta e meia, lá aparecia a merda do ecrã azul a dizer blah, blah, fatal error... Este podia ter um pinguim como símbolo, mas era infinitamente mais fiável.
O Barão disparou uma salva dos novos foguetes direitinha aos vermes de Cherneboff. Estes encolheram-se na antecipação do impacto, mas tudo o que lhes sucedeu foi serem envolvidos por uma nuvem cor-de-rosa perfumada...
É que estas ogivas, ao contrário das anteriores, não eram explosivas. O que não queria dizer que fossem inofensivas. As ogivas Luxury, como o nome indica, mergulham o alvo num turbilhão de lascívia incontrolável, que só termina com a morte da vítima por exaustão. Isto só é possível graças ao cocktail químico à base de ostra e Casal Garcia - uma para excitar, o outro para desinibir. Sem dúvida uma invenção "after-hours" de Enguia no seu gabinete... o malandreco.
Foi assim que a trupe de Cherneboff, de início com relutância mas depois já com mais à-vontade, se começou entremirando e entreapreciando, para depois se acabar entremeando numa confusão de gritos e gemidos, pernas, braços e outros membros...
Barão Enguia, apesar da sua veteranice nestes assuntos, desviou o olhar ante espectáculo tão degradante.
Foi assim que não descortinou a massa viscosa do traiçoeiro Cherneboff a insinuar-se nas suas costas... Este atacou com fúria animalesca, envolvendo--o e deglutindo-o de uma só vez!
Os alunos sobreviventes olhavam, primeiro incrédulos, depois desesperados perante a cruel evidência dos factos: Barão Enguia já não existia.
E agora? Que seria da liberdade de pensamento, da alegria académica, da irreverência estudantil? O panorama era ainda mais negro do que se o Barão não tivesse aparecido...
Cherneboff, no meio de tudo isto, achava-se impante de satisfação, a glória da vitória fazia-o transbordar de felicidade... Peraí.
"Ahh, Felicidade... Todo mundo gosta!" As reminescências de um concerto de Hélder, Rei do Kuduro, ecoavam na sua mente. Como? Se nem os tons agudos da sua tripa flatulenta constituiam gosto musical para Cherneboff.
A resposta estava em Enguia. Ou melhor, não estava, uma vez que Enguia se encontrava agora dissociado e atomizado por todo o interior de Cherneboff, o seu ser tão puro de energia animal como no início da Noite Académica.
O potencial da descoberta foi demais para Cherneboff. O seu ego pérfido vacilou, tal como vacilou em seguida o seu fedorento envólucro.
No fim, Cherneboff soçobrou para jamais se voltar a erguer...
Os que sobreviveram à ruinosa hecatombe olharam uns para os outros, ainda incrédulos, mas agora da vitória alcançada tão perto do fim e da maneira mais improvável possível.
E a maior parte chorava ao pensar no sacrifício supremo de Barão Enguia, o Bem-Amado.
Foi, pois, com assombro que olharam para o fantasma de Enguia levitando no meio deles, envolto numa aura azul-brilhante, irradiando puro macho power.
-"Lembrem-se... De quem são..."
-"Usem a força..."
-"I am your father..."
(alunos, em coro) - NNÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOO!!!!
No meio desta palhaçada toda ninguém se lembrou de olhar para cima e ver que a massa encefálica (ver Parte IV, crianças...) sugada pela máquina de Cherneboff fervilhava efervescente de ideais rebeldes e sexualidade recalcada.
O que resultou numa enorme explosão de raios gama da qual ninguém sobrou pra contar a história.
Nem os anjinhos.
E acabou-se.
sexta-feira, maio 21, 2004
Domadora de desejos
Céu ficou cinzento enquanto seu calor corporal derretia a vela que iluminava o quarto escuro. O relampejar sombreava na parede vazia uma silhueta de nudez em tons de preto e rosa. Seus longos cabelos tocavam-lhe nas elevações frontais enquanto que sua perna magra estendida sobre o céu, fazia estremecer o brilho dos seus olhos. Água escorria-lhe pelo corpo como um ribeiro, e das suas curvas nasciam cascatas. Havia quem lhe chamasse deusa da trovoada, outros, domadora de desejos.
O relampejar parou quando sua aura se elevou, em terra ficaram as vontades e as obras de quem se fez estremecer pelo medo do instinto.
Caminha agora sozinha, iluminando o caminho, na terra molhada ergue seus pecados, no refúgio o pastor se acomodou e seu rebanho com menos um ficou.
Havia quem dissesse que ela era cruel, que ligava o céu e a terra como quem descarrega a raiva em alguém. Todos falavam dela como ninguém, mas ninguém soube dizer quem era quem.
(Contínua)
O relampejar parou quando sua aura se elevou, em terra ficaram as vontades e as obras de quem se fez estremecer pelo medo do instinto.
Caminha agora sozinha, iluminando o caminho, na terra molhada ergue seus pecados, no refúgio o pastor se acomodou e seu rebanho com menos um ficou.
Havia quem dissesse que ela era cruel, que ligava o céu e a terra como quem descarrega a raiva em alguém. Todos falavam dela como ninguém, mas ninguém soube dizer quem era quem.
(Contínua)
quarta-feira, maio 12, 2004
Poleirus CasernAEs
Entrou na Arena preparado para atacar esse grande monstro paquidérmico que há já várias gerações habita na Casernae. Levava consigo várias armas de arremesso verbal, prontas a serem utilizadas. Contava com o apoio de toda a classe dos Combatentes, o seu povo, nesta sua luta contra a tribo das Nulidades, essas bestas arrogantes que incham cada vez mais a cada ano que passa, à conta das doações generosas dos seus súbditos e à conta também das doses maciças de cerveja ingerida anualmente.
Uma das grande vantagens, e com a qual contava, é que as Nulidades se encontram em inferioridade numérica, pois a tribo dos Incapazes havia, através de Istremideira, filha do Grande-Chefe, havia na véspera prometido o seu apoio durante o brutal ataque que se esperava.
O combate pela Casernae começou! A besta Lálá, grande e paquidérmica, supremo líder das Nulidades, começou por entoar os encantamentos arcanos que visavam acordar a Nadaquírias, as famosas cavaleiras de cabeça oca, capazes de lutar até à morte pela entidade que as invoca. A resposta veio em termos imediatos por Isfumaça, chefe da tribo dos Incapazes, que ao emanar fumos soporíferos pelas narinas conseguiu adormecer parte dos combatentes, entorpecendo Lálá. O Regente dos Combatentes optou então por atacar forte e feio as Nulidades.
A saraivada de socos foi tal que acordou a Lálá do seu entorpecimento e este começou a estrebuchar. Nesta altura, com a besta a sentir-se encurralada, era fundamental o ataque decisivo dos Incapazes, mas Isfumaça optou por largar um fumo avermelhado que bloqueou o Regente dos Combatentes e sarou as feridas da divindade das Nulidades.
Foi então que a enevoada realidade o atingiu como um soco secamente desferido no estômago: a tribo dos Incapazes estava na realidade aliada às Nulidades!
Apesar da surpresa, ainda havia a hipótese de, através de ataques bem desferidos através da fumaça, se conseguir incapacitar Lálá, mas a besta paquidérmica possuía uma couraça endurecida com o tempo e, graças a Isfumaça, que entretanto se esfumara no ar, havia já protegido a sua zona mais desprotegida que é, como todos sabem, a sua flácida barriga. O lugar de Isfumaça, que (como já foi dito) se esfumara no ar, foi tomado por Ispoeiral e um INcompetente-Rúbrico, posto muito importante entre os Incapazes, pois neles assenta toda a sua estrutura comunitária.
Lálá ia aparando os golpes deferidos pelo Regente dos Combatentes que por sua vez tentava a todo o custo evitar as nuvens de poeira, fumaça e areia que a tribo dos Incapazes levantava.
O combate ficou decidido quando, cego pelos Incapazes, o Regente dos Combatentes sofreu o inesperado ataque BI-Scoito de Lálá, um ataque assassino que visava colocar o Regente dos Combatentes a esvari-se em sangue. Graças às nuvens de fumo o ataque não foi desferido com toda a sua devastação, mas os estragos produzidos mas produziram um efeito incapacitante que fez com que cada movimento aumentasse o tormento do Regente dos Combatentes, que por esta altura era humilhado verbalmente pelos Nada-de-Nada, nome pelo qual eram conhecidos os dirigentes das Nulidades encarregues de alimentar Lálá. Não bastando a verborreia verbal que lhe entrava ouvidos adentro, o Regente dos Combatentes definhava a olhos vistos, cada vez que esboçava um movimento.
Foi então que a juíza Inparcial deciciu terminar o massacre. Lálá, muito satisfeito, saía mais uma vez refastelado com os restos moribundos do Regente dos Combatentes. Isfumaça, Ispoeiral e os Incompetentes-Rúbricos levavam a besta ao colo, de novo para a Casernae.
Os Combatentes, chorando o massacre do seu líder, apontavam agora baterias aos Incapazes, decididos a chacinar uma tribo tão ignóbil e incoerente, perdido que estava o Poleirus Casernaes.
Uma das grande vantagens, e com a qual contava, é que as Nulidades se encontram em inferioridade numérica, pois a tribo dos Incapazes havia, através de Istremideira, filha do Grande-Chefe, havia na véspera prometido o seu apoio durante o brutal ataque que se esperava.
O combate pela Casernae começou! A besta Lálá, grande e paquidérmica, supremo líder das Nulidades, começou por entoar os encantamentos arcanos que visavam acordar a Nadaquírias, as famosas cavaleiras de cabeça oca, capazes de lutar até à morte pela entidade que as invoca. A resposta veio em termos imediatos por Isfumaça, chefe da tribo dos Incapazes, que ao emanar fumos soporíferos pelas narinas conseguiu adormecer parte dos combatentes, entorpecendo Lálá. O Regente dos Combatentes optou então por atacar forte e feio as Nulidades.
A saraivada de socos foi tal que acordou a Lálá do seu entorpecimento e este começou a estrebuchar. Nesta altura, com a besta a sentir-se encurralada, era fundamental o ataque decisivo dos Incapazes, mas Isfumaça optou por largar um fumo avermelhado que bloqueou o Regente dos Combatentes e sarou as feridas da divindade das Nulidades.
Foi então que a enevoada realidade o atingiu como um soco secamente desferido no estômago: a tribo dos Incapazes estava na realidade aliada às Nulidades!
Apesar da surpresa, ainda havia a hipótese de, através de ataques bem desferidos através da fumaça, se conseguir incapacitar Lálá, mas a besta paquidérmica possuía uma couraça endurecida com o tempo e, graças a Isfumaça, que entretanto se esfumara no ar, havia já protegido a sua zona mais desprotegida que é, como todos sabem, a sua flácida barriga. O lugar de Isfumaça, que (como já foi dito) se esfumara no ar, foi tomado por Ispoeiral e um INcompetente-Rúbrico, posto muito importante entre os Incapazes, pois neles assenta toda a sua estrutura comunitária.
Lálá ia aparando os golpes deferidos pelo Regente dos Combatentes que por sua vez tentava a todo o custo evitar as nuvens de poeira, fumaça e areia que a tribo dos Incapazes levantava.
O combate ficou decidido quando, cego pelos Incapazes, o Regente dos Combatentes sofreu o inesperado ataque BI-Scoito de Lálá, um ataque assassino que visava colocar o Regente dos Combatentes a esvari-se em sangue. Graças às nuvens de fumo o ataque não foi desferido com toda a sua devastação, mas os estragos produzidos mas produziram um efeito incapacitante que fez com que cada movimento aumentasse o tormento do Regente dos Combatentes, que por esta altura era humilhado verbalmente pelos Nada-de-Nada, nome pelo qual eram conhecidos os dirigentes das Nulidades encarregues de alimentar Lálá. Não bastando a verborreia verbal que lhe entrava ouvidos adentro, o Regente dos Combatentes definhava a olhos vistos, cada vez que esboçava um movimento.
Foi então que a juíza Inparcial deciciu terminar o massacre. Lálá, muito satisfeito, saía mais uma vez refastelado com os restos moribundos do Regente dos Combatentes. Isfumaça, Ispoeiral e os Incompetentes-Rúbricos levavam a besta ao colo, de novo para a Casernae.
Os Combatentes, chorando o massacre do seu líder, apontavam agora baterias aos Incapazes, decididos a chacinar uma tribo tão ignóbil e incoerente, perdido que estava o Poleirus Casernaes.
sábado, maio 08, 2004
Egoísmo
Não escrevo
Paro
Penso
Não sei que dizer
Não sei que escrever
As palavras não saem
Estou mudo na escrita
Sem saber
Sem querer
Cá estou
Na caneta
No papel
Na alma
Sou som
Sou visão
Sou a onda do mar que se desmancha na areia
Sou luz
Sou escuridão
E penso
E hesito
Não escrevo
Paro
Nada sai
Nada escrevo
Perco-me naquilo que não sei dizer
Naquilo que quero dizer mas não sai
Sou alma
Penso em ti
Paro
Suspiro
Não escrevo
Sou saudade
Sou sonho
Penso em ti
Em como te vejo com os olhos fechados
E continuo
Sem escrever
Sem dizer
Não sei
Não digo
Paro
Penso em ti
Sonho
Toco em ti sem aqui estares
Estou confuso
Sou confusão
Sou tranquilidade
Sou lembrança
Sou o papel e a caneta
E penso em ti
Naquilo que somos
Naquilo que não escrevo
Tu és
Eu sou
E não sei
Não digo
Não sei que escrever
E avanço
Recuo
Paro
E chego a um ponto que não sei que mais escrever
E penso em ti
Escrevo
Paro
Não sei
Não digo
É só meu
Paro
Penso
Não sei que dizer
Não sei que escrever
As palavras não saem
Estou mudo na escrita
Sem saber
Sem querer
Cá estou
Na caneta
No papel
Na alma
Sou som
Sou visão
Sou a onda do mar que se desmancha na areia
Sou luz
Sou escuridão
E penso
E hesito
Não escrevo
Paro
Nada sai
Nada escrevo
Perco-me naquilo que não sei dizer
Naquilo que quero dizer mas não sai
Sou alma
Penso em ti
Paro
Suspiro
Não escrevo
Sou saudade
Sou sonho
Penso em ti
Em como te vejo com os olhos fechados
E continuo
Sem escrever
Sem dizer
Não sei
Não digo
Paro
Penso em ti
Sonho
Toco em ti sem aqui estares
Estou confuso
Sou confusão
Sou tranquilidade
Sou lembrança
Sou o papel e a caneta
E penso em ti
Naquilo que somos
Naquilo que não escrevo
Tu és
Eu sou
E não sei
Não digo
Não sei que escrever
E avanço
Recuo
Paro
E chego a um ponto que não sei que mais escrever
E penso em ti
Escrevo
Paro
Não sei
Não digo
É só meu
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