sexta-feira, setembro 26, 2008

Soneto

Tem livros e revistas,

Tem comida e bebida,

Tem poetas e artistas,

E também tem muita vida!

 

Tem ouvintes e leitores:

Uns activos… Outros passivos…

Já se ouvem os rumores,

Mas não há lugares cativos!

 

D’A P.E.N.A. tinha de ser,

Esta festa tão animada!

Pois sete anos vai fazer!

 

Traz de lá a tua amada,

Venham somar-se à agitação!

Não se esqueçam dum livro na mão…

quinta-feira, setembro 25, 2008

Tens o resto da tarde para sair daí

Gosto de um guarda-chuva grande, daqueles com um bico. E de ir para à praia com frio. Quando a chuva acaba dá para escrever o teu nome na areia molhada. Lembro-me da extrema violência que me invadia quando o fazia. Tão bem que as minhas mãos não a conseguiam afugentar. Os dedos tão gelados e tão fortes.
Nunca medi tanto as palavras, não fosse alguma matar-me de arrependimento, mas a verdade é que vi sempre o meu nome, por aí, à procura do teu. Triste, cabisbaixo, taciturno, em penitência. Quando somos novos, mostramos a paixão com orgulho no meio da rua, no autocarro, na sala de aula. Mais tarde, vivemos a paixão errada no sítio certo à hora errada. Problemas de tempo. E eu gosto de me rever todos os dias a polir as horas em busca da perfeição. À procura de ti. E só vejo a minha alma a trair-me com as tuas recordações. Já dei uma parte de mim para te ter. A mais valiosa. Só que, às vezes, sinto-me forte, capaz de enfrentar o mundo nesta minha condição de mutilada; noutras cedo ao pânico.
Todas as pessoas têm dentro terrenos baldios. Espaços sem dono, vazios e extremamente reveladores. Como as caixas de sapatos - não pelo que são, mas pelo que conseguimos lá guardar. É aí que moram bilhetes com apenas um verso, cartões com despedidas, rosas secas, fotografias, cartas por enviar. As primeiras lágrimas, os primeiros sonhos de gente grande e a inocência que, a páginas tantas, nos traiu.
Todas as histórias belíssimas são dramáticas. A nossa não fugiu à regra, fugiu-nos a nós. Para bem longe. E o problema é que nunca fizémos amor.
O grande trunfo do Amor foi convencer as pessoas que não mata. Mas, mata e cega e eu preciso que tu me cegues. De alguém que me prive da realidade e me faça sonhar. Tens o resto da tarde para sair daí.

Vanessa Pelerigo

terça-feira, setembro 23, 2008

Foto Vencedora - II Tertulia d' A Revista P.E.N.A.

A fotografia vencedora:
Obrigado a todos pela colaboração.

Nos próximos dias será apresentado o flyer promocional, fiquem atentos!!

sexta-feira, setembro 19, 2008

Votação de Fotos - II Tertulia d' A Revista P.E.N.A.

Boas,

Recebi poucas fotos (6 a contar com as minhas) o que me surpreendeu pela negativa, esperava mais alguma receptividade...
Como o prometido é devido vamos submeter as fotos a votação.

As regras são: os Autores não podem votar na deles próprios; devem atribuir um valor de 1 a 4, sendo que o 4 é a nota mais alta; A votação terminará dia 22 deste mês; só serão validados votos que sejam assinados e reconhecíveis.

Fotos do Artur (A e B)



Fotos André (C e D)

Leonardo (E e F)

Boa votação!!!

segunda-feira, setembro 15, 2008

Uma estrela

Tatuei uma estrela no ombro, na esperança de inventar a eternidade na minha pele. É quase sempre assim: deixo-me levar pelas dores que me pontuam a vida e pelos sonhos imperfeitos. A definhar de mocidade, nos restos da noite. Ponho-me a olhar para fotografias à espera de qualquer coisa conhecida como o crepitar das chamas na noite do mundo. Uma voz a balbuciar-me o teu cheiro. Rostos a arderem devagar na minha memória cheia de saudade do que não foi. Se te expulso dela, então não me restará mais nada.
É inútil dizer que o tempo tudo cura. Há dias em que se esquece dos sulcos cravados no coração, das cicatrizes no rosto da alma, mas depressa faz frente a uma esperança impossível e tudo acende. Tudo desperta, até a ave magoada. E eu, sem conseguir respirar. Um aperto que me carcome os sentidos.
O que me falta é outra coisa qualquer. Espero. Respiro. Apenas um ranger de dentes na voz exaltada do amor. Um amor quase sempre a sucumbir no teu regaço. Gosto de ti, sem conseguir explicar porque ainda gosto e porque me recuso a deixar de fazê-lo. Foi sem querer que me comovi. Mas, eu sabia que isto não podia durar para sempre. O Inverno sempre arranja maneira de se anunciar nos meus olhos. E um silêncio para poder gritar.
Não consigo dormir e acabo por me desvelar na hesitação da escrita.

Vanessa Pelerigo

terça-feira, setembro 02, 2008

Quando...

E quando queria saborear
Esse teu rosto fechado,
Rasgava-te os lábios
Com meus dentes afiados.

E quando queria rasgar
Esses teus lábios encarnados,
Beijava-te de paixão
Enquanto rebolávamos no chão.

E quando quis sentir
Esse teu corpo perfeito,
Abri com as garras
Esse teu branco peito.

E quando a paixão
Foi embora de meu corpo
Atirei-me com teu cadáver
Para o fim do rio da dor...