quarta-feira, junho 14, 2006

Vem até mim

Agora é mais um dia, mais um pequeno fio da minha vida que é traçado, mais um caminho escrito neste pequeno parque que é o mundo. Por entre as sombras e os raios de sol eu vivo, imóvel, curioso, julgando tudo e analisando tudo o que me rodeia. Procuro a informação com todos os meus sentidos, querendo a tua proximidade, querendo-te...

Aproxima-te pé ante pé, vem até ao pé de mim, o teu corpo apetitoso. Deixa-me provar-te, saborear-te, tocar-te. Esquece tudo e vem até mim, devagar. Deixa-me ver-te aproximar, deixa-me ser eu a iniciar contacto. Mas tu não queres, não me vês, nem sabes quem sou, eu, que aqui te espero. Espero-te com toda força que até doi, o meu interior clama por ti, meu corpo alimenta-se do teu até ao fim dos tempos - Mas tu não me vês. Passas por mim e ficas à minha volta e eu desespero.

Terei de ser cuidadoso, terei de esperar por ti? Mas não quero, não é quem eu sou, quero-te agora, quero-te saborear, quero-te com todas as minhas forças. Não quero sucumbir ao teus encantos, quero que vejas os meus, mas eu não os tenho. Sou a força da sombra, o livro ainda por escrever, sou apenas uma linha da vida que tu não vês.

Então não vejas, ignora-me, mas irás ser minha. Irei ter-te, irei saborear-te (quer queiras quer não), irei ser a linha da vida da qual nunca te irás escapar. E por aqui ficarás comigo, e eu irei alimentar-me de ti, obcessivo, compulsivo, horrendo, como o verdadeiro senhor das sombras, como o senhor das linhas da vida, irei sugar o teu nectar, irei matar-te...


(teia de aranha com orvalho - retirada de http://commons.wikimedia.org)


E que venha a próxima vitima...

1 comentário:

Anónimo disse...

Uma teia metafóricamente romantico-macabro.

Gostei ;)