segunda-feira, agosto 27, 2007

Nevoeiro

O homem rouco tenta projectar a sua voz, no bar cheio... noite voraz, sinto-me esvanecer... a memória é a mesma, o nevoeiro, o rio...
Sou um ser que tenta nascer, uma certeza que parece morrer, na memória. Essa não está na rouquidão daquele homem, que murmura no caos do café.

8 da manhã e o nevoeiro levanta-se lentamente no rio... Nem café, nem abraço, nem palavras sábias, ou alucínio de uma qualquer cerveja. É o mundo alegremente cruel, tornando-nos frios a cada passo. O homem murmurava rouco contando as histórias da sua existência... eu sou apenas um jovem a despertar para as agruras da vida. Feliz por fora, rasgado no coração. A viagem, os raios de sol rompendo as árvores, aquele abraço que são tantos abraços, e o velho rouco cujo os abraços eram apenas a memória naquela noite ruidosa... A minha única saudade é a da manhã solitária, dez, quinze, vinte minutos atrás...

O homem é o sábio do tempo que um dia serei... projecção futura da minha existência, histórias alegres para contar, uma tristeza no olhar. Agora sou um banal vulto... projectado no rio, quando o nevoeiro por fim levanta.

3 comentários:

Chas. disse...

Tenho a solução para te orientares no nevoeiro, Alpha toca no farol!

APC disse...

estou enevoado...
Ainda não consigo ver o meu reflexo no rio...
Será que...

Captain Dildough disse...

Ahhhh... mas não fiques à espera de chegares lá... lembra-te q a piada está no caminho que se leva até lá chegar!