terça-feira, outubro 13, 2009

II - Os Cafés

Há gente estranha
Que ocasionalmente olha para mim.
Estranhos não por serem esquisitos
Estranhos por serem diferentes.
Os muros que erguem são altos
E maciços, mas ali, na aragem do final de tarde
Sentimos os ventos da liberdade
E vemos o sol
Por entre as falhas dos tijolos.

É ali,
Com as suas bebidas e comidas
Do que para mim é o final do dia
Para eles o começo da noite
Que os vemos como são
Em amena conversa
De olhar agressivo.

4 comentários:

alphatocopherol disse...

Recentemente, tenho ganhado um gosto especial por este tipo de textos, que por mera rotulagem (mania de dar rótulos a tudo) chamaria de prosa poética. Acho-os mais difíceis de elaborar que uma prosa ou que um poema. Por fugir ás regras estipuladas (supostamente) da poesia não se torna mais fácil, porque é preciso uma escrita que torne "canção" aquilo que é descrito de forma a criar uma harmonia global.
Por fugir ao corrimento anárquico da prosa, torna-se mais complicado de organizar as ideias que se pretendem transmitir.
Resumindo, é impossível não gostar de um trabalho deste género quando é muito bem conseguido. É o caso :)

R.B. NorTør disse...

Bom...

Agrada-me o comentário de incentivo. Quer este quer o anterior fazem parte de uma colecção a que decidi chamar "a cidade", da qual (apesar de não ter tag) o meu poema CoBrA pode ser encarado como o "prefácio".

Qual cidade? Bom quem me conhece pode pensar que é a cidade onde escrevo estas linhas, mas, não negando a influência que ela tem, "A Cidade" não é uma cidade, é antes as cidades que me marcaram ao longo deste ano, todas elas tão diferentes e todas elas tão semelhantes. "A Cidade" é isso mesmo, o tentar captar o que as une e torna una.

Até ao momento são 7 poemas que pretendo publicar aqui na íntegra, mas que gostava que não estivessem todos seguidos, portanto malta, vamos lá a publicar também!

João disse...

Gostei bastante, no seguimento e linha do anterior. Estes textos do autor provocam-me sempre uma certa nostalgia, não percebendo eu bem porquê... talvez neste em particular a associação ao fim de tarde, momento que me toca particularmente.

Chas. disse...

Eu fiquei com vontade de ir beber uns cafés e ingerir comidas.

Mas pegando no texto, simples, gerador de sentimentos e sentidos, tal como eu gosto. Por isso força ai com A Cidade!