terça-feira, novembro 03, 2009

As ruas do meu bairro

Ontem corria as ruas do meu bairro...

E aquela luz mortiça dos candeeiros no anoitecer chuvoso de Dezembro, era conforto na minha alma. No café havia gente (umas vezes mais outras menos...) e o travo amargo da cafeína, de qualidade por vezes duvidosa, era contudo bálsamo para os pensamentos. O tempo perdia-se diluído por um ou outro digestivo, mas as conversas prolongavam-se amenas até a noite já ir alta... Havia magia naquelas ruas, havia ecos familiares e sons difusos, sons esses que não voltam mais...

"Entre dois dedos de conversa amena,
Na força de um abraço apertado,
A noite seguia, agitada ou serena,
Até o corpo se deitar cansado..."

Hoje já vagueio pelas ruas do meu bairro...

E à luz de um sol mortiço, procuro remoer um ou dois pensamentos. No moderno snack bar pouca gente conheço e embora o aroma do café seja bem mais agradável, não me desperta a alegria dos bons pensamentos. A tarde arrasta-se em alguns diálogos de circunstância... Sem grande magia, em sons que já não conheço e que não sei se irão ficar...

"Acaricio os dedos, maquinalmente,
Aconchegando o corpo na rua fria.
A tarde segue decadente,
Indiferente e tão vazia...

Amanhã andarei perdido pelas ruas... do bairro!

De noite ou de dia nem saberei sequer o que pensar! Se houver café tudo bem, senão serve qualquer coisinha! Se não falar tanto melhor... E certamente que dispensarei qualquer som que me perturbe os pensamentos!

"... é melhor aquecer os dedos em casa
E observar a chuva a cair lá fora...
Pois o som que de lá extravasa,
Não é a melodia que ouvia outrora...

3 comentários:

Captain Dildough disse...

Nostálgico? De quê?
Realmente os tempos mudam e nós mudamos com eles. Vamos procurando os sítios que melhor espelham o que nos vai cá dentro. (no meu caso, uma sexshop)

Chas. disse...

Lá tinha de vir este Captain com as sexshops :P!

O que dizer? A qualidade anda por aqui... pelo Bairro da PENA!

R.B. NorTør disse...

No bairro da PENA, perdido numa qualquer CIDADE, as contribuições sucedem-se, cheias de uma certa ambiência noir.