Cheguei a casa. Se não fosse pela varanda despida não saberia qual minha no meio de todas estas casas iguais. Acho que por isso é que, apesar de aqui morar há três anos, nunca decorei a casa, nem a varanda. Para manter um traço de originalidade e, acima de tudo, para saber qual a minha casa. Não porque ela não tenha o número da porta, mas antes, de que outra forma ela seria reconhecida. Como poderia apontar ao longe e dizer “é a minha casa, estás a ver”, ou na net, num serviço de mapas com imagem satélite, apontar com clareza “é esta, não há que enganar”?
Tiro o casaco e atiro-o para cima da mesa da cozinha. Quando aterra expõe um dos charutos que o Miguel levou hoje para o almoço. No caso o charuto que ele me deu e que não me apetecia fumar. Que estupidez, charutos porque vai ser pai! E depois de almoço sem podermos beber uns copos… Ficava a tarde toda com o sabor do tabaco na boca e…
Estou em minha casa. Na garrafeira há uma garrafa de Jack Daniels, porque não aproveito? Já sei, por causa do cheiro pestilento com que a casa fica depois! Mas posso sempre abrir uma janela. Bom, seja então!
Que merda, a porcaria do fumo passa a vida a ir para dentro de casa. Mas não vou para a varanda de boxers, porra! Oh! Que se lixe, também a esta hora não está ninguém na rua.
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