segunda-feira, outubro 13, 2003

Manhã

Atiro pela janela o último cigarro daquela noite, levanto os olhos... não há céu. Claustrofobia, calor... o ínicio do fim.
Baixo os olhos, o chão estacionário sob os meus pés... esse chão tantas vezes o caos da vertigem sonhadora.
Um último olhar pela janela. A magia da noite poente defronte dos olhos, esta paisagem, que se prepara para a banalidade quotidiana; será uma futura recordação?
Volto-me novamente, prisão libertadora, visão tentadora, corropio de sentimentos... e penosamente a madrugada torna-se um último abraço perdido num infinito mar, que de tão calmo, torna-se detentor de uma raiva tão silenciosa quanto contraditória.
O corropio atira-me para os primeiros raios de sol...
Os meus pés agora sobre a calçada húmida... de água? De sangue?
E o planeta dilui-se, na manhã dolorosamente mais incerta... e a noite perdeu a vontade de sonhar.

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