segunda-feira, agosto 16, 2004

Tonan, o Barbariano - 2ª Parte

Despontava um novo dia na Floresta Negra, o que era o mesmo que dizer porra nenhuma. Era um pardieiro sem o mínimo interesse, cuja vegetação encaracolada se repetia monotonamente até ao horizonte, para desespero dos amantes de discrições tolkianas de paisagens exuberantes.
Era por entre este esgoto botânico que Tonan se movimentava, ágil e rápido como uma lesma paralítica, tropeçando em cada galho e caindo em cada buraco. Ao fim da enésima esfoladela, Tonan sacudiu o pó do seu corpo tatuado - invariavelmente com figuras de mulheres nuas em poses mais que chocantes e outros arabescos de duvidosa moralidade - ao mesmo tempo que pensava na distância que o separava ainda da civilização.
Não que ansiasse por água corrente ou comida no prazo de validade, tais bens nada diziam a Tonan: eram o refúgio dos fracos.
Não, o que Tonan desejava era SANGUE! Cortar as orelhas daqueles aprumadinhos da cidade, violar-lhes as mulheres, fritar-lhes os animais de estimação em óleo de cinco dias... Isso tudo, por esta ordem ou até ao mesmo tempo, sim, isso tudo Tonan lhes faria, pois tal não era mais do que o retrato fiel da sua natureza animalesca.
A natureza de um verdadeiro Barbariano.

(fim da 2ª Parte)

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