A estrada de terra batida encontrava-se menos poeirenta do que o costume. Normalmente era na época das monções (em que a vegetação da Floresta Negra se mostrava ainda mais encaracolada e propensa a piadas de mau gosto do que o costume) que as paupérrimas vias de trânsito se encontravam alagadas, transformando-se em rios de lama mais propícios à navegação do que às caravanas de carroça.
No entanto estavamos a meio da estação seca. A estrada estava ensopada, sim, mas não era de água. Não, era de...
- Sangue! aArrGhhh!!
Uma cabeça decepada voou pelo ar, indo cair junto de uma toca de répteis que, agradecidos, começaram imediatamente a descarnar a iguaria.
O grupo de soldados recuou, assustado, enquanto o corpo decapitado do seu capitão escorregava para o chão. Na lama avermelhada jaziam já metade dos seus companheiros, ou o que restava deles.
No meio dos cadáveres estava a figura que lançara o grito.
Tonan, o último dos Gu'Man, podia não saber contar os dedos da própria mão direita ou distinguir um verso arcano de uma esgichadela de babuíno com disenteria, mas lá que era um ás no que se tratava de cortar, mutilar, torturar, rasgar e trincar as carnes alheias, isso era. E com que brio Tonan abria o peito de um soldado só para lhe arrancar o coração e o meter na boca de um segundo, este empalado na lança com um terceiro! Para não falar dos que agonizavam e rodavam no espeto, sem braços nem pernas, enquanto o lume brando lhes prolongava o sofrimento...
Era com estes mimos que Tonan, esse Barbariano, presenteava os que tinham a infelicidade de o encontrar no caminho, fossem monjes estóicos, velhos mendigos, virgens imaculadas ou até bebés de colo (irra, que ainda vou preso!).
O que restava do grupo de soldados debandou em pânico, correndo em todas as direcções até chocar contra uma árvore ou cair de algum penhasco.
Tonan ignorou a fuga e começou a tentar pensar no que iria fazer a seguir.
Não conseguiu.
(fim da 3ª Parte)
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