segunda-feira, setembro 15, 2008

Uma estrela

Tatuei uma estrela no ombro, na esperança de inventar a eternidade na minha pele. É quase sempre assim: deixo-me levar pelas dores que me pontuam a vida e pelos sonhos imperfeitos. A definhar de mocidade, nos restos da noite. Ponho-me a olhar para fotografias à espera de qualquer coisa conhecida como o crepitar das chamas na noite do mundo. Uma voz a balbuciar-me o teu cheiro. Rostos a arderem devagar na minha memória cheia de saudade do que não foi. Se te expulso dela, então não me restará mais nada.
É inútil dizer que o tempo tudo cura. Há dias em que se esquece dos sulcos cravados no coração, das cicatrizes no rosto da alma, mas depressa faz frente a uma esperança impossível e tudo acende. Tudo desperta, até a ave magoada. E eu, sem conseguir respirar. Um aperto que me carcome os sentidos.
O que me falta é outra coisa qualquer. Espero. Respiro. Apenas um ranger de dentes na voz exaltada do amor. Um amor quase sempre a sucumbir no teu regaço. Gosto de ti, sem conseguir explicar porque ainda gosto e porque me recuso a deixar de fazê-lo. Foi sem querer que me comovi. Mas, eu sabia que isto não podia durar para sempre. O Inverno sempre arranja maneira de se anunciar nos meus olhos. E um silêncio para poder gritar.
Não consigo dormir e acabo por me desvelar na hesitação da escrita.

Vanessa Pelerigo

3 comentários:

Chas. disse...

Mais uma grande participação. Obrigado Vanessa!

V. disse...

obrigada :)

Anónimo disse...

Simplesmente maravilhoso...

Nós é que agradecemos!