segunda-feira, junho 01, 2009

Suicida-me

Traição
e todas as vozes me fazem triste
e todos os pensamentos me fazem mal
Traição
meu corpo gela no calor do dia
deixando minha alma em brasa no escuro da noite

Nunca terei uma vida diferente
Nunca terei um caminho diferente
Mas sei que continuarei a viver
Quero fugir do carreiro
Quero fugir da prisão
Suicida-me

Mas continuarei aqui
enquanto tu aqui estiveres
Sou aquele que vês
embora não seja quem queiras
Traição...

Meu caminho está nesta linha
Minha vida está protegida na tua mão
Deixa-me fugir
Suicida-me

5 comentários:

R.B. NorTør disse...

Já há algum tempo que não tinhamos nada deste autor...

Parece-me, à primeira vista, que a escrita se modificou para um tipo de escrita com mais ritmo, mais vida.

Gostei do regresso!

alphatocopherol disse...

Muito bom mesmo... Complexidade de sentimentos que fluem ao longo do texto com um ritmo bem conseguido. No final o espaço para uma reflexão, para a busca de paralelismos, para várias interpretações...

Venham mais textos assim!

Chas. disse...

Um texto que dá que pensar...

Dá ideia de que a fuga para uma mudança não está apenas pressa pela nossa vontade. A traição parece ser precisamente a fuga aos valores e o "suicida-me" ser o click final! Portanto uma "traição provocada", um rumo diferente...

Ou outra coisa qualquer :S

Muito bem escrito.
Gostei bastante

João disse...

Um texto mais "negro" do que é (era?) habitual no autor, mas... obviamente que gostei!

Parece-me que transmite uma ideia de resignação face ao que o destino por vezes nos impôe que seja o nosso rumo...

APC disse...

sinceramente:
estás a escrever melhor!
Parabéns! ;)