quarta-feira, abril 29, 2009

Leva-me contigo para essa praia distante
Onde ao luar soltaste os cabelos e ofegante
Descobriste a religião
Chamando por Deus de costas no chão
A brisa marítima como orvalho da manhã
Lava-me já o rosto que acaricias com o cachecol de lã
E pudera eu ser o mar que te beija os pés
Não estaria tão cheio de fé
Que aqui viemos para tu te mostrares
E não como queria para me amares

sexta-feira, abril 24, 2009

Gostava de ser eu

Gostava de ser eu a dizer
que te coloquei a salvo
e te agarrei nos meus braços
Gostava de ser eu a correr
para te deixar a salvo
e tirar-te o medo
Gostava de ser eu a levar-te
para longe de tudo
e perto de mim
Gostava de ser eu a sossegar-te
que nada de mal ocorreu
e que continuas aqui
Gostava de ser eu a levar-te para casa
e deixar-te lá para sempre
sem precisares de sair

Mas ambos sabemos que a casa já não existe
estamos soltos no mundo
e somos nós que temos de lutar
Gostava de levar-te para casa

e proteger-te

mas tenho tanto medo

quarta-feira, abril 15, 2009

Suores frios acordam-ne na noite,
Despertando-me de um sonho mau...
Olhando o vazio na penumbra,
Visões nebulosas retornam à minha mente.

Recordo imagens em que voltavas a fugir-me
Uma vez mais, sem sentido, sem motivo...
Recordo palavras mudas dolorosas,
Uma vez mais, tão étereas quanto reais.

Tremendo, estendo o braço na tua direcção
Esquecendo, confuso, como está vazio.
Ignorando as cicatrizes que teimam em abrir
Abraço a tua almofada fria, suspirando...

[Adormeço,
embalado pela recordação do teu perfume,
que me traz um breve sono imaculado]

quinta-feira, abril 02, 2009

Quem me dera que a rua não tivesse fim...

Passeio...
Por estas ruas ao entardecer,
Contando todos os meus passos,
Arrastando-me com demora,
Atrasando os minutos de cada hora...
E o que me falta percorrer
Já são uns metros escassos.

Vagueio...
Porque as armas todas já usei:
Perdi-me pelas estradas desertas,
Nas luzes de um centro comercial,
Numa tasca deveras banal.
Todos os caminhos calcorreei
Nestas horas incertas...

Receio:
Quem me dera nunca chegar,
Quem me dera não ser assim,
Quem me dera nada dizer,
Quem me dera puder esquecer,
Quem me dera de outra forma acabar...
Quem me dera que a rua não tivesse fim.