Este que flui até ao Bugio… sempre rio. O que espelha nas suas águas a luz mortiça, essa estranha mistura cromática que esbate o poder solar, numa reconfortante nostalgia que abraça esse mundo... esse reconfortante mundo, a que ainda ousamos chamar casa.
Ontem odiava-te. E não são os ódios transformados em amor a antítese da nossa naturalidade… Aquela natureza perversa que tanta vez torna o mais belo dos sentimentos no mais rancoroso dos finais... Lisboa tu não tens fim… és talvez o livro aberto sem começo.
Ao odiar-te não te conhecia… Percorria alheado as curvas do teu corpo sem verdadeiramente apreciar a beleza do teu interior… Sem saber que só a beleza do interior permite vislumbrar a tão resplandecente imagem, do teu quadro tão lindo… Talvez sejas, Lisboa, a mão que me descerra as pálpebras com a subtileza do teu suspiro.
Só hoje verdadeiramente vejo em ti o berço… a mãe… os braços que me seguram… Quanto mais longe de ti, maior o prazer do reencontro. Hoje não te vejo! Toco-te. Hoje não te odeio, sinto-te! Lisboa, hoje começa o novo capítulo da canção abraçada a tantas vozes.
E nasce o rio novamente… Junto ao Tejo… No bulício das gentes que se agitam, dos olhos que se abrem para te ver, inocentes por não conhecerem as tuas formas, surpreendidos como o jovem imberbe que vislumbra pela primeira vez teu seio desnudado… Observo-te, sinto-te, mergulho em ti e nas águas que agora, verdadeiramente nasceram. E aqui junto às águas que brotam do teu coração inicio a aventura que partilho com aqueles que também te sentem.
A história começou… São três da tarde!
6 comentários:
Grande pontapé de saída!
Deixa lá ver se consigo pegar neste bebé!
Mto bem, genial!! Estou ansioso por dar continuação. Pega tu primeiro Fanghua. :)
mesmo muito bom! :) põe lá um tag nisso para dar para seguir a histório..... ;)
Muito bonito. Falou o Poeta.
Se se tratasse de um texto único, sem continuação, diria que está excelente. Como é para continuar, tenho medo e prevejo uma bela salada russa lool
Muito bom, adorei o arranque desta história!
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