quinta-feira, dezembro 04, 2008

Mensagem para um amor em pe(le)rigo

Amar nunca é receber.

É sempre dar... mais, mais e mais.

Adictivamente.

O amor é o heraldo obcessivo do altruismo... suscite reacção ou não, indiferente à natureza da mesma: é assim e assim continurá a ser, alheio a tudo e todos.

Pouco lhe interessa danos colaterais, quem ganha, quem perde... tudo são redundâncias. É escuma sobre uma obra de arte acabada de esculpir. E cuja limpeza nos é delegada e não a essa estupida ilusão que é o passar dos dias, que só os parvos e pobres de espírito comem como solução. Porque o amar não é quantificavel, à semelhança de todas as outras coisas belas.

E a razão pela qual te sentes tão dilacerada por dares à luz o sublime dos sublimes reside na lucidez da nossa alma... não és tu que transportas a cruz sorrindo em nome do amar supremo. Nenhuma alma humana o fez até hoje, exceptuando uma. Só essa alma entendeu na prefeição o quão falsa e aparente é a crueldade que muitas vezes atribuem ao amor.

Porque se é verdade que o teu amor não te pertence a partir do momento que o liberas, és tu mesma que sentes o impulso suicida de o sobrealimentar e de acartar toda e qualquer consequência de algo que já não controlas (e parece controlar-te ao invés).

Por isso não cometas a estupidez de guardar o amor para o teu eu. Limpa a escuma, ou retoca a escultura... e continua a dar. Porque apesar do amor ser enorme demais para te pertencer a ti ou a alguém, a obra resultante é sempre tua. E é sempre bela como as mais belas... mesmo quando ainda se encontra coberta de detritos que, ao remover, magoam o coração e não as mãos.

Porque o amor resume-se a isso: dar. E ninguém pode roubar algo que dás.
Em contraponto só pode ter uma resposta válida: amar também.

E amar nunca é receber.

É sempre dar... mais, mais e mais.

O teu amar não é dos outros, nem sequer teu ... é A SUPREMA obra de arte.

E essa obra de arte és tu.


P.S. : Palavras são palavras e parecem sempre pouco... bazófia aparte, aconselho que te lembres das ideias base deste texto nos próximos tempos. Pode ser que te ajudem.

1 comentário:

V. disse...

:)

Gostei do teu texto. Amar é, de facto, dar e também é um acto egoísta.
O amor ou o acto de (d)escrever o amor precede o autor. O texto é que nos escreve. Fala por nós. Como uma penitência ou revelação.

Resta-me continuar a sentir.