Fausto.
Sempre aquele nome a cercar-lhe a pele como uma doença. Sempre aquele sentimento como um cancro a comer-lhe as tripas.
Fausto.
Aquele homem para sempre. Um homem que nunca amou, carne na carne. E, no entanto, o único que lhe ocupará o tempo para sempre.
07.20
Saio de casa agasalhada do frio, mas não do desgosto. A vida passou a ser uma rotina de gestos sem tempo ou cor. Apanho o autocarro e, depois, o metro e depressa chego ao trabalho. Sem ânsia. Processos e mais processos. Injunções, impugnações, oposições. Prazos, dívidas, pessoas já sem alma. Tanta coisa com tão pouca vida. Às vezes apetecia-me por fim a isto, sem dizer adeus.
Partir sem nunca chegar a lado algum. Mas, o teu nome chama-me quase todos os dias à razão, em gesto de fé e de alegoria ao querer. E eu fico. Por ti. Quando nada mais existe. Só tu e o teu nome
Fausto
Fausto, aquele nome. Quando, qualquer outro - João, Pedro, José, Luís, António ou Frederico - só quer dizer amor.
1 comentário:
Acho apenas que é mais sublime...
É um texto em que as palavras parecem levitar no vácuo!
Gostei muito, mas confesso que depende muito da disposição!
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