segunda-feira, julho 13, 2009

Pessoas

Embora me perca na noite é de dia que conheço as ruas de cada cidade... Turista acidental do destino. Ontem como hoje, mais ou menos vezes, parto sempre com destino mas sempre de surpresa...
O que busco é diferente! Não é a igreja deserta, ou o monumento mais badalado do sítio... Não! Eu busco pessoas...
Não me interpretem mal, não sou um caçador, busco pessoas para uma breve conversa, ás vezes um simples sim ou não. O psicólogo atende o doente que o procura. Não sou psicólogo portanto procuro eu o doente... Ou melhor não existe nenhum doente neste história! Apenas me interessa o ser humano seja ele quem for!
Não visito feiras nem largos apinhados... Longe de ser o político à espera de voto ou o religioso que tenta converter o mais solitário cidadão. Busco cafés, quanto mais simples melhor! Se tiverem jornais sobre as mesas melhor ainda! Por vezes passam-se horas solitárias até surgir alguém... Isto se não for o próprio proprietário da casa a puxar o primeiro assunto. Pelo sim pelo não vale a pena ter um jornal à mão (ou dois). A hora do dia determina a escolha: O café, ou a imperial... Se a hora for de imperial, o pedido da segunda aumenta a possibilidade do primeiro diálogo.
Finalmente surge alguém e começam as conversas, a propósito disto ou daquilo, do tempo, da actualidade, da própria imperial! E quase sempre é isso que procuro... A conversa banal!

Questionar-se-ão: E para que serve uma conversa que não passa do banal! Explico-vos com certeza, porém não sei se entenderão! Não sou um solitário. Tenho muitos e bons amigos. Amigos a quem conto os mais variados e até mais pessoais problemas. Todos menos aqueles que são mesmo muito pessoais...

E grita o leitor! Ah então temos aqui um seguidor da máxima do "contador de problemas a um estranho"...

ERRADO!

... e contudo certo! Faço-o mas não o faço... Não conto nada a nenhum estranho. Falo sob metáforas tão discretas que tudo fica imperceptível... Eternamente codificado! Em troca as conversas banais... A maravilha que é o ser humano: Em rostos, pessoas vulgares, pessoas que se cruzam connosco no dia a dia... Pessoas que tal como eu falam metafóricamente. Talvez não o façam, contudo, de forma intencional... Mas no fundo ao pousar das moedas sobre a mesa, no último e derradeiro boa tarde, somos capazes de sorrir... Ter um microsegundo de felicidade...

No fundo, sermos intimamente NÓS.

1 comentário:

R.B. NorTør disse...

O regresso de um autor com um texto que se assemelha um pouco a um desabafo.

Apesar da escrita em prosa, o texto está todo ele rodeado de uma certa métrica poética, estilo em que de resto o autor nos habituou a contribuições de elevadíssimo nível.

Aguardam-se mais comentários que isto nesse capítulo anda fraquito!