sexta-feira, maio 21, 2004

Domadora de desejos

Céu ficou cinzento enquanto seu calor corporal derretia a vela que iluminava o quarto escuro. O relampejar sombreava na parede vazia uma silhueta de nudez em tons de preto e rosa. Seus longos cabelos tocavam-lhe nas elevações frontais enquanto que sua perna magra estendida sobre o céu, fazia estremecer o brilho dos seus olhos. Água escorria-lhe pelo corpo como um ribeiro, e das suas curvas nasciam cascatas. Havia quem lhe chamasse deusa da trovoada, outros, domadora de desejos.
O relampejar parou quando sua aura se elevou, em terra ficaram as vontades e as obras de quem se fez estremecer pelo medo do instinto.
Caminha agora sozinha, iluminando o caminho, na terra molhada ergue seus pecados, no refúgio o pastor se acomodou e seu rebanho com menos um ficou.
Havia quem dissesse que ela era cruel, que ligava o céu e a terra como quem descarrega a raiva em alguém. Todos falavam dela como ninguém, mas ninguém soube dizer quem era quem.

(Contínua)

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