sábado, maio 22, 2004

Hecatombe V - Atãomasatão e agora?

"Vais pagá-las, meu malandro, vais pagá-las bem caro, vou-te mataarr!!!"

Cherneboff lançou o seu corpo flácido numa carga frontal, disposto a obliterar o seu oponente com o maior dano possível!
Mas Enguia estava plácido, impassível perante uma visão que faria tremer o mais rijo dos Veterânus Kombatentes...

Mesmo no último instante esquivou-se com um salto fantástico, enquanto Cherneboff arrasava filas inteiras de bonitos assentos com estofo azul, uma maravilha quando estamos no cinema e nos começa a doer o rabo... Barão Enguia, agarrado ao tecto do Auditorium - a extrema oleosidade dos seus cabelos revelava-se uma mais-valia nas situações mais apertadas - não tardou na resposta: apontando os micro-lançadores que protuberavam de cada orelha, libertou uma barragem de TAKTIKOV's mortíferos sobre o inimigo distraído.
Os micro-misséis TAKTIKOV(tm), tal como o seu inventor, não são para ser subestimados; apesar do seu tamanho "mini", portam uma potência devastadora que, aliada ao seu sistema de busca de alvos - capaz de guiar, inofensivamente, um missíl por dentro de um ratinho, desde a boca até ao... pronto, vocês sabem -, tornam-no no artefacto bélico mais avançado do mundo (...do mundo lusitano, pelo menos. Não queriam mais nada?).

Foi assim que cada missíl encontrou e detonou precisamente no alvo escolhido: o esfíncter anal de Cherneboff!
Este inchou com um ruído de gases, até que rebentou numa bola de fogo laranja (tinha de ser...), espalhando bocados em volta e formando um quadro tão nojento que só de falar nisso me dá vómitos.

O nosso (anti)herói limpava o suor da testa às costas da mão, quando um murmúrio crescente lhe chamou a atenção.
Olhou em volta, e foi com mal disfarçado espanto que viu que os bocados de Cherneboff se juntavam, qual caricatura de Bubu, numa forma vagamente semi-humana. Só depois é que Enguia reparou na plateia de apoiantes, incitando e dando graxa de uma maneira que meteria dó se estas criaturas não fossem tão detestáveis como o próprio líder.

Barão Lampr... Enguia (uuups) jizou um plano. Eliminaria os sequazes do vilão duma vez só, mas não da mesma maneira: não podia correr o risco de estes lhe ressuscitarem à frente dos olhos, era um desperdício de munição!

Falando para o microfone - habilmente camuflado no palito que tinha nos dentes - acedeu ao sistema de armas:

- Alterar configuração. Password: "The Trooper".

(uma voz metálica) - Password aceite.

- Configuração de ogiva: TAKTIKOV Luxury.

Um clique imperceptível indicou-lhe que o sistema aceitara as alterações. Que diferença para o sistema anterior! O outro, volta e meia, lá aparecia a merda do ecrã azul a dizer blah, blah, fatal error... Este podia ter um pinguim como símbolo, mas era infinitamente mais fiável.
O Barão disparou uma salva dos novos foguetes direitinha aos vermes de Cherneboff. Estes encolheram-se na antecipação do impacto, mas tudo o que lhes sucedeu foi serem envolvidos por uma nuvem cor-de-rosa perfumada...
É que estas ogivas, ao contrário das anteriores, não eram explosivas. O que não queria dizer que fossem inofensivas. As ogivas Luxury, como o nome indica, mergulham o alvo num turbilhão de lascívia incontrolável, que só termina com a morte da vítima por exaustão. Isto só é possível graças ao cocktail químico à base de ostra e Casal Garcia - uma para excitar, o outro para desinibir. Sem dúvida uma invenção "after-hours" de Enguia no seu gabinete... o malandreco.

Foi assim que a trupe de Cherneboff, de início com relutância mas depois já com mais à-vontade, se começou entremirando e entreapreciando, para depois se acabar entremeando numa confusão de gritos e gemidos, pernas, braços e outros membros...
Barão Enguia, apesar da sua veteranice nestes assuntos, desviou o olhar ante espectáculo tão degradante.

Foi assim que não descortinou a massa viscosa do traiçoeiro Cherneboff a insinuar-se nas suas costas... Este atacou com fúria animalesca, envolvendo--o e deglutindo-o de uma só vez!

Os alunos sobreviventes olhavam, primeiro incrédulos, depois desesperados perante a cruel evidência dos factos: Barão Enguia já não existia.
E agora? Que seria da liberdade de pensamento, da alegria académica, da irreverência estudantil? O panorama era ainda mais negro do que se o Barão não tivesse aparecido...

Cherneboff, no meio de tudo isto, achava-se impante de satisfação, a glória da vitória fazia-o transbordar de felicidade... Peraí.

"Ahh, Felicidade... Todo mundo gosta!" As reminescências de um concerto de Hélder, Rei do Kuduro, ecoavam na sua mente. Como? Se nem os tons agudos da sua tripa flatulenta constituiam gosto musical para Cherneboff.

A resposta estava em Enguia. Ou melhor, não estava, uma vez que Enguia se encontrava agora dissociado e atomizado por todo o interior de Cherneboff, o seu ser tão puro de energia animal como no início da Noite Académica.

O potencial da descoberta foi demais para Cherneboff. O seu ego pérfido vacilou, tal como vacilou em seguida o seu fedorento envólucro.
No fim, Cherneboff soçobrou para jamais se voltar a erguer...

Os que sobreviveram à ruinosa hecatombe olharam uns para os outros, ainda incrédulos, mas agora da vitória alcançada tão perto do fim e da maneira mais improvável possível.
E a maior parte chorava ao pensar no sacrifício supremo de Barão Enguia, o Bem-Amado.

Foi, pois, com assombro que olharam para o fantasma de Enguia levitando no meio deles, envolto numa aura azul-brilhante, irradiando puro macho power.

-"Lembrem-se... De quem são..."

-"Usem a força..."

-"I am your father..."

(alunos, em coro) - NNÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOO!!!!

No meio desta palhaçada toda ninguém se lembrou de olhar para cima e ver que a massa encefálica (ver Parte IV, crianças...) sugada pela máquina de Cherneboff fervilhava efervescente de ideais rebeldes e sexualidade recalcada.
O que resultou numa enorme explosão de raios gama da qual ninguém sobrou pra contar a história.

Nem os anjinhos.

E acabou-se.

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