segunda-feira, julho 05, 2004

Atrofios

Aconchego-me perante a noite, vestindo seu manto e escondendo-me do brilho dos candeeiros. Passo ante passo, avanço sozinho com os meus pensamentos e vou ao encontro dos teus. Será que tudo o que sonho tem a ver contigo e será que sonhas comigo?
Mergulho na escuridão das ruelas sem medo dos recantos escuros, estou demasiado pensativo para reparar nos olhos dos lobos das ruas das grandes cidades? Meus pensamentos fogem mas eu não os acompanho. Prendo-me nas questões que sei que nunca terão resposta, mas sei que é preferivel assim.
Meus passos são unicos sobre o passeio mas sei que algures sou vigiado, pela policia, pelos ladrões de dinheiro ou de corações, pela lua, por ti, por mim... Só estou sozinho porque quero e sei que o cheiro do cigarro te incomoda tal como a mim, mas não o deixo, sinto-o a queimar-me a alma, à medida que desaparece e deixa a cinza das emoções.
Tiro o casaco e deixo-o cair. Oiço os trocos pularem entre as pedras do passeio, felizes e ansiando pela liberdade da fuga descontrolada pela calçada. Salto a rede, sinto a gravilha nos meus pés e oiço o ultimo comboio da noite, o comboio que me levará para longe de ti.
Abençoai as luzes que vêm contra mim.

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