sexta-feira, julho 30, 2004

Fantasias

Abriu a janela do seu quarto, o sol de inverno desfez-se no seu corpo nu e arrepiado pelo frio. O vento que provinha de norte desviava-se das suas formas como se temesse formar uma tempestade de prazer. Eram sopros de memórias e antigas fantasias, erguidas pelo suor do sol de verão. Testemunhos calados no silêncio de um mundo meio morto pelo medo das noites, das pessoas, da vida...
Sentimentos que a cada passo pela casa iam crescendo, como quem teme a solidão.
No corpo nu e gelado vestiu umas roupas justas e saiu de casa. No horizonte da rua, o branco misturava-se com o azul do céu, estava frio mas nem por isso as roupas que usava eram apropriadas. Sua alma aquecia-o, mas era o desepero e a tristeza que o orientava. Caminhou até não conseguir mais e deitou-se no chão. Já fraco e com frio dobrou-se sobre si mesmo, mas nem por isso temia o frio, o seu desespero ultrapassava qualquer limite físico. O congelar da razão e o sentimento de culpa deixaram-no a chorar, pensava ser forte e resistir à conduta natural do seu ser, pensava que suportaria um mundo sem sentimentos, pensava que a vida era feita de sonhos e fantasias, pensava ser capaz de tudo, de lutar em busca do prazer... Mas nessa manhã não foi capaz de lutar por si...

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