sábado, novembro 15, 2008

Ainda podemos esperar em silêncio

Ainda podemos esperar em silêncio, sei-o agora. O silêncio consegue explodir veias, dizer tudo: o orvalho das ameias, a rotina dos gestos, a mão que demora a sombra nos lábios, corpos de mar e céu sem se tocarem, o desassossego das ausências.
Quando de noite há mais clareza nos meus olhos sei que o que dói não é o silêncio, mas o teu nome em todo o lado a mendigar o meu amor, a tecer um e outro (e outro mais) regresso ao meu peito, sempre em abandono. Os teus restos estão espalhados por todo o lado - planícies de tempo já sem tempo. E andas por aí a passear-te e eu aqui a fingir que vivo. A fingir que sei respirar quando tu não estás, quando os dedos são tãos frios que se torna impossível escrever as entranhas. E o teu perfume a esquartejar-me os sentidos, a debelar-se contra um amor que nasce e morre todos os dias. Pudesse eu achar-te entre a carne que aperto com as mãos, no meio da ternura que me sufoca e não me deixa falar.
Não há paz quando os meus beijos não nascem já na tua boca e na tua pele não tacteio o meu desejo. Podes orgulhar-te. Dizer ao mundo que todos os poemas são para ti. Que poderia ter sido para sempre. Este amor.

Ainda podemos esperar em silêncio, sei-o agora. Mas, há muito que te chamo e na minha garganta se escreve com sangue. E tu não vens.


Vanessa Pelerigo

5 comentários:

Chas. disse...

Isto é qualidade a seguir a qualidade.

Quem espera será eternamente recompensado... mesmo que para isso tenha de sofrer em silêncio.

V. disse...

será?

Chas. disse...

Claro que tudo é relativo... uma resposta absoluta será vista como presunção.

APC disse...

E lá diz o povão:
"Quem espera sem alcança"

Mas eu concordo mais com o:
"Quem espera desespera"

Acho que depende de que tipo de espera se trata!
Eu não me importo nada de esperar por mais textos destes! ;)

APC disse...

Ou seja... Estatisticamente falando temos 50% de probabilidade de alcançar aquilo que esperamos!

Portanto temos de ser optimistas, pois quem espera muita coisa recebe metade dessas coisas, ou seja, (infinito/2)=infinito!

E como um pessimista espera coisa nenhuma, recebe metade de coisa nenhuma, ou seja, (nada/2)=nada!

Hummm... parece-me demasiado simples demonstrar que a estatistica não se aplicada neste caso!

Talvez eu não tenha utilizado a distribuição correcta... Que é que se vai fazer!

;)